terça-feira, 29 de março de 2011


A ética e o sacerdote no Ifá e orixa.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando vemos uma criança apontar um coleguinha como sendo o culpado por uma de suas travessuras, já podemos imaginar como vai ser o futuro dessa pessoa se não houver a interferência dos pais.

Nas diversas áreas podemos sentir as distorções de personalidade,e a falta de caráter,de um indivíduo,que muitas vezes começa lá na infância; quando isso é notado em um sacerdote,me faz lembrar uma conhecida frase Yorubana( En ti ase loore ti ko Du pé buru ju olósa Ti ó kò ní léru ló)aquele a quem concedemos bondades que não expressa gratidão,é pior que o ladrão que rouba nossas coisas.

Quando confiamos em alguém, nossa fé, isso nos torna vulneráveis, abrimos nosso coração e expomos nossas feridas, assim como as mais profundas angústias de nossa alma e, muitas vezes, reconhecemos naquela pessoa um elo de ligação com o sonho e a esperança da realização,e isso nos conduz a conceder bondades a esse suposto confiável,amigo,e orientador.

Quando uma consulta a um sacerdote acontece,nos desnudamos e assumimos nossas falhas,e nossa real condição de impotência para lidar com o desconhecido ou com o inesperado.

Isso coloca,o então, senhor da resposta,como solução as nossas angústias e lhe concede o direito de colocar na solução,custos,mesmo que algumas coisas jamais possam ser pagas, quando de fato acontecem.

A condição de solucionador de problemas do corpo e do espírito,não é verdadeira,na realidade o sacerdote,é somente um elo de ligação,entre a solução e o problema, isso não justifica algumas vaidades exteriorizadas,quando do sucesso do tratamento,até porque a solução partiu do Orisa e não do sacerdote.

Quando analisamos do ponto de vista ético,um orientador,jamais deve afastar uma pessoa de sua religião,e sim fortalecer nela aquilo que naturalmente se desenvolveu: confiança, credibilidade e esperança; jamais tal comportamento deve unir o adepto ao emissário e sim a divindade.


Nada mais justo que por esse caminho não trafegue a ilusão, o dever de quem orienta é ajudar a sonhar e jamais iludir.

Quando buscamos em uma consulta aos Orisas,orientação, evidentemente que os interesses do sacerdote,devem ser omitidos,assim como a opinião pessoal do mesmo.

Tal fato transfere a responsabilidade ao Orisa que orientou,mas em nenhum momento isenta o sacerdote da interpretação.

Acredito de fato que quando alguma coisa deixa de acontecer é um erro de interpretação e nunca um equivoco divino.

Assumir tais erros,é um ato de coragem,e sem dúvida, é uma questão ética, considerando o fato que, além dos interesses envolvidos,houve uma expectativa gerada,nada mais justo que um resultado positivo seja sentido, e a resposta aos questionamentos venha como solução ao problema.
Assumir responsabilidades é um atributo de quem oferece soluções.

6 comentários:

  1. Excelente texto!!!
    De uma sabedoria imensa.
    Parabéns!!!
    Orixá te guarde!!!

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  2. Parabéns... leia meu artigo sobre ética e orixás um abraço http://sersaberblog.blogspot.com/2010/11/etica-na-divinizacao-dos-orissas.html

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  3. "Venho do Rio de Janeiro,conheci São Paulo, Curitiba, Baia, e atualmente moro em Brasilia.
    conheci muitos Babalorixas e alguns Babalawos, e afirmo com muita certeza que raros são como voce Bàbàláwo Ifágbaíyin.
    peço a olodumare e orumila que deem muitos e muitos anos de vida e lucidez a este homen, pois muito podera ele fazer pelo seu semelhante".

    awofakanogbeka

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  4. muuuito interessante! Virgínia

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  5. adorei o texto,pois ele realmente é de grande valia,pois muitos não sabem o q venha a ser a humildade,caridade e conhesimento assim como ao seu ,parabens

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