Autor: Iya Apetebi Ifakemi Agboola
Quando eu
era criança, ouvia vozes, via espíritos e tudo isso me deixava assustada,
mantinha segredo das minhas visões, por vergonha, sobre isso nada falava.
Fui com
minha família na igreja católica, mas parecia que algo estava faltando.
Então,
conheci a Umbanda, e descobri que tinha um guia de frente, ficava imaginando
como e quem ele era.
A Umbanda é
linda cheia de vida e amor caridade e luz, mas meu caminho só estava começando.
Com o passar
do tempo fiquei sabendo que existia orisás, e a sua importância.
Quando imaginava o meu Orisa, inexperiente,
pensava sou de Yemonja, ela é linda mora no mar.
Sou filha de Yemonja a mulher linda que tem os cabelos lisos e
negros, conforme tinha conhecido nas
lendas.
O tempo passava e em minha mente a visão do
meu Orisa se alterou, o conhecimento aumentava as informações se somavam e também mudava a minha opinião, agora
conversando com outras pessoas me via filha de Oya. A mulher guerreira que tem
os filhos como sua grande paixão, sentia
que é assim o meu orisá, assim eu
pensava, assim eu acreditava, Orisa mãe capaz de fazer qualquer coisas pelos
filhos.
Foi quando descobri
que existia o pai e a mãe de cabeça, um segundo Orisa, Ogun, o guerreiro,
vencedor de demanda, fiquei na dúvida seria
Sango, o rei, aquele que faz a justiça?
Imaginei,
viajei no meu pensar, quantas lendas eu li, e em quantas delas me imaginei, guerreira,
mulher mãe, Orisa.
Sonhos coloridos, sonhei com o aroma das
comidas baianas, e em cada sonho em uma ilusão me coloquei servindo meu Orisa.
Fui deusa
das cachoeiras, dos oceanos, dos raios, me vesti de armadura, fui valente fui
Ogun, fui o rei, a própria voz do trovão, fui Oya apaixonada, que descobriu o rosto
do senhor das palhas, Soponnan.
Em quanto lia
as lendas, escutava as histórias, em minha mente a paixão pelo Orisa me
aproximava mais dessa religião.
A
curiosidade que foi despertada em mim, era agora de verdade conhecer o meu Orisa, os meus “pais de cabeça”, assim
eu dizia.
Eu pensava
que quem poderia me ajudar fosse um vidente, que olhando para mim ele
conseguiria enxergar os meus Orisas, estava muito enganada.
O tempo passou
e o conhecimento aumentou um pouco, descobri que eu não ia precisar andar o
Brasil inteiro em busca do tal vidente,
tudo era mais simples que eu pensava.
A necessidade me fez buscar novos
conhecimentos, além da Umbanda.
Fui então
consultar os Orisas.
Na casa de
um sacerdote então, tudo começa com a
consulta ao jogo de búzios, é claro que vem a curiosidade louca de saber quem
afinal são os meus orisas “ donos da cabeça”.
Não foi
suficiente uma só consulta,conheci algumas pessoas e com elas consultei.
Descobri que era mais fácil do que eu
imaginava, jogar búzios, bastava saber matemática, isso mesmo, não precisava
ser vidente, imaginei que.
eu mesma poderia fazer aquilo.
Tudo era bem
simples, uma soma com a data de nascimento e uma cruz, e ali estava o
resultado, a resposta para os meus problemas, tudo sobre os meus orisás, tudo sobre
a minha vida, estava tudo bem claro.
Não era tão fácil assim, no meu caso que tenho
nove na soma da data de nascimento era complicado saber quem vai responder, oya, yemonja,
sango, continuei na dúvida.
No fim ficou entre Oya e Yemonja, uma parte da minha
curiosidade estava sendo resolvida, eu imaginei que tudo estava certo.
Eu na época
não percebi que essa coisa tão simples
de continhas fosse dar tantos problemas.
Então levada
por uma necessidade, em busca de uma solução para um problema de saúde fui
iniciada no Orisa.
Através da
numerologia, e da data de nascimento foi encontrado finalmente o meu tão sonhado
Orisa,Oya,´minha linda mãe.
Com a feitura, adoeci, a situação complicou e fiquei no
terreiro apenas três meses, eu era vista como um problema sem solução.
Com a
feitura a solução virou o problema principal e a minha saúde piorou, começou uma
nova busca, agora mais do que nunca encontrar as respostas certas era
fundamental.
Consultei
com varias pessoas até que conhecer a
Religião Tradicional Yoruba, descobri que os Orisás nascem de um odu, descobri
que um odu é composto por vários Orisas, descobri que além de Oya, devo cultuar Iya mi,Osun,Sango,
Obatala ,descobri que nossa religião é simples e que o Orisa não usa saia de
armação, descobri tantas coisas, obtive mais informação.
Descobri que
para saber um orisá não se soma a data de nascimento e muito menos se faz uma
cruz.
Descobri que
ninguém tem um casal de orisás e sim um odu onde é cultuado vários Orisás.
Descobri que
em nossa religião existe uma literatura, os versos de ifá, nos versos tudo
sobre o orisás é explicado, e a orientação para o dia a dia por Ifá nos é dada.
Hoje entendo
porque existe uma quantidade enorme de pessoas com o Orisa trocado, isso me deixa triste mas, cada um
com sua cruz, se você acredita que Odu é assim, que com a data de nascimento
você encontra o Orisa, siga fazendo a cruzinha, cada um com a sua cruz!
muita verdade!
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