Mulheres de Osun e o Ajé de Oxe.
Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola
A Dama do Lotação é um filme brasileiro de 1978 do gênero
drama erótico, dirigido por Neville de Almeida, de uma história de Nélson
Rodrigues, com a atriz Sonia Braga, o filme é a quarta maior bilheteria da
história do cinema brasileiro, com 6 508 182 espectadores.
No filme os personagens Solange e Carlos se conhecem desde a
infância e se casam. Na noite de núpcias, Solange resiste ao seu marido, que,
impaciente, acaba estuprando-a. Solange fica traumatizada e, apesar de desejar
Carlos, não quer mais nada com ele. Para se satisfazer, ela começa a fazer sexo
com homens que não conhece, que encontra na lotação ou na rua.
Esse filme fala de um problema que é muito comum, o ajé de
oxe como é chamado o fato das mulheres de Osun que se apaixonam por homens de
caráter duvidoso, drogados ladrões, serviçais pedreiros, mecânicos, garçons, sem
desmerecer qualquer profissão, mas essa é a descrição.
Mulheres que muitas vezes tem um bom parceiro, muitas vezes
um homem de boa aparência e de boa condição financeira e intelectual, mas que
infelizmente se envolvem com o pior tipo de gente, mulheres que se sentem
atraídas por usuários de drogas, marginais, aquele tipo de homem que é comum
nos bares na noite metidos a espertos com uma aparência que qualquer um
identifica menos elas, elas não enxergam ou por opção ou por falta de formação,
mas nas casas de orisa, se fala do famoso ajé de oxe.
Para nós que já trabalhamos com religião há muito tempo essa
situação em nada se pode dizer que tenha alguma coisa com Osun, acreditamos que
essa questão tem uma explicação psicológica e não religiosa.
Uma mulher como a personagem do filme precisa trabalhar
muito bem a sua cabeça para ultrapassar a questão do estrupo, no caso da
personagem ela busca homens de condição inferior porque eles a valorizam e a tem como superior, isso é uma
necessidade de afirmação comum em pessoas que sofreram algum trauma.
A mulher termina saindo com pessoas de condição financeira
ou moral inferior pois nessas pessoas
ela encontra uma valorização irreal que faz com que ela se sinta muito
valorizada em sua tentativa de compensar o insucesso de um relacionamento
frustrante.
A forma mais comum de tratar questões relativas a
comportamentos dessa natureza nas casas de orisa é o carinho e a franqueza, jamais
um sacerdote deve atribuir qualquer tipo de comportamento que possa se dizer
condenável a um grupo de pessoas que foram iniciadas a qualquer orisa.
Falar das mulheres de Osun é muito mais difícil que se
imagina, falar das mulheres de Osun é falar das mães, das filhas, das namoradas,
das professoras, das médicas, das enfermeiras, é falar de amor.
A pessoa que acredita em arquétipos em nossa religião está
fadada ao insucesso, uma pessoa não tem características de um Orisa e sim de um
Odu, qualquer especulação nesse sentido é irreal.
Dizer que todo filho de Ogum, é valente ou que todo filho de
Sango adora o poder é dizer que todas as pessoas como o mesmo nome se comportam
de forma idêntica.
Falar de um ser humano é muito mais complexo que se imagina,
mas para disfarçar a falta de conhecimento é mais fácil usar frases feitas, regras
criadas por pessoas que não tem informação, pois se a tivessem não criariam
regras para definir o ser humano.
Eu já vi de tudo, pessoas que ocupam cargos pelo Orisa que carregam,
a pergunta é esse Orisa está certo?
Então a questão é bem simples, se você não sabe o que dizer
feche a boca e não fale besteira, se o homem ficasse calado diante do que não
conhece aprenderia muito, se não aprendesse pelo menos evitava o fato de ser
tratado como ridículo.
Recebi o apelido de Baba Osun pelo amor e respeito que tenho
com esse Orisa, ver pessoas despreparadas falando besteiras é muito difícil, temos
que ter uma paciência que não possuímos isso é impossível.
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