Na terra do carnaval.
Em alguns minutos de conversas percebo que a grande maioria parece que fala de uma só pessoa, um sacerdote que se incorpora com o caboclo, o preto velho, a cigana, a pomba gira, o orisá da cabeça , o segundo orisá, e o terceiro orisá que é de herança dê um parente distante, normalmente eles recebem um ere que é muito engraçadinho, e que adora pedir presentes.
Essas pessoas comumente jogam búzios, cartas, tarô, runas, são videntes, ouvintes e fazem grandes milagres, que quase sempre são relatados por pessoas da família com o intuito de fortalecer a imagem do todo poderoso.
Diante da descrição do suposto sacerdote fico imaginando a figura e muitas vezes me negando a acreditar, por paciência assisto o relato quase sempre é de alguém muito simpático com um belo sorriso, envolvente, que diz saber tudo do mundo espiritual.
Quase sempre ele tem uma aparência única de alguém que é descrito entre extravagante e o exagerado, aquela pessoa que até para ir ao mercado, veste roupas tradicionais, que só alguém com muito conhecimento poderia usar, tais vestes.
Em poucos minutos eu não sei se sinto pena ou se me envergonho, de fazer parte de um seguimento confundido pelo tal consulente com o que eu pratico.
Assusto-me, com a inocência e me surpreendo com a falta de informação, quase todas as vitimas descrevem algo que beira um surto psicótico ou se confunde com um espetáculo carnavalesco, que é sustentado como uma peça de teatro, para um publico que paga altos valores ou que serve como mão de obra escreva, para servir o interlocutor do além.
Os hábitos do tal sacerdote em quase todas situações são descritos como semelhantes primeiro ele se torna muito amigo, mas tem um pequeno problema de credito na praça, e solicita ao consulente que faça algumas compras como forma de retribuir os favores por ele intermediado com o mundo espiritual.
Posteriormente, o então já amigo intimo pede para que ele assine uma fiança ou que ele avalize um pequeno empréstimo no banco, se isso não acontece ele intimo que é, costuma pedir o carro emprestado, somente por alguns dias.
Depois da decepção e do afastamento da casa, o antigo crédulo descobre algumas ocorrências policiais que envolveram o titular da casa que ele frequentava, tardiamente a verdade que se mostrava clara agora bate no rosto, de mais uma vitima.
Surpreende me o numero de pessoas com relatos muito semelhantes, a pergunta é a seguinte, porque o povo acredita nesse tipo de gente?
Mentirosos, ladrões, bandidos, enganadores, mas com uma boa conversa e um sorriso fácil, quase sempre tem a casa cheia de pessoas que são constantemente humilhadas, usadas, enganadas, iludidas.
Porque esse tipo de gente tem a casa cheia?
Como eles conseguem enganar tantas pessoas por tanto tempo?
Será que não é uma questão cultural?
Hoje mesmo assisti no you tube uma festa de pomba gira, com uma escola de samba tocando para exu dançar, será que não é isso que o povo quer ver?
O que esta acontecendo com o nosso país, será que as pessoas são tão ingênuas assim, ou tudo isso acontece porque vivemos no país do carnaval?
Outro dia vi uma entrevista de uma das mais famosas iyalorisas de toda história religiosa do Brasil, que quando perguntada pelo reporte se gostava de carnaval ela respondeu, “carnaval e orisá tem uma ligação que vem da África.”
Diante de tal afirmativa, dantesca, fica a questão em aberto, porque essas pessoas conseguem reunir tantos seguidores se o que elas tem a oferecer é mentira disfarçada com ignorância envoltas em richelieu e seda.
Será que vamos pagar um preço caro por viver na terra do carnaval, a confusão do folclore com a religião, é resultado da falta de informação?
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