Ifá é para todos.
Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.
Com o objetivo de tentar esclarecer mais uma vez as dúvidas
das pessoas que entram em contato conosco, vamos de forma clara e direta
abordar alguns rituais da religião tradicional yoruba e do culto a ifá.
Isefá:
Esse ritual que
algumas pessoas tem nos questionado bastante sobre se é uma iniciação ou não, acredito
que se você recebe o seu assentamento de Orunmila e através dele tem uma
orientação de um odu, e recebe um nome de acordo com o mesmo, não existe como
negar que é uma pré-iniciação, se é que podemos dizer assim.
Não podemos dizer que é uma iniciação, porque a pessoa não
raspa e não é pintada, com efun (pó branco) e osun (pó vermelho), não recebe
opele, nem opon e muito menos irukere.
Exemplo: Ose/ Ogbe.
A pessoa que faz isefá segue, com os seus princípios religiosos,
sem alterar o fato da incorporação, no caso de quem se incorporava antes do
ritual, esse ritual é muito indicado para pessoas que tem problemas para
identificar os orisás mais adequados a serem cultuados.
O itefá é uma iniciação no culto de Orunmila, durante o
ritual a cabeça é raspada e o corpo pintado com efun e osun, no itefá poderá ou
não ser incluído opele, opon, o irukere é indispensável.
A pessoa que faz
itefá segue com seus princípios religiosos sem alterar o fato da incorporação,
no caso de quem se incorporava antes do ritual.
Quanto a incorporação no caso de uma iyanifa existem alguns
rituais que impede que ela incorpore, entre os rituais podemos citar aqui, a
apresentação a Osun (antepassado), quando os antepassados do Egbe ifá reconhecem
a sacerdotisa.
No caso dos babalawos, uma das diferenças é o reconhecimento
do mesmo por Iya odu após essa cerimônia ninguém incorpora JAMAIS, isso defini
uma das diferenças, de um itefá e um Ìtélodú (cerimônia que Iya odu reconhece o
babalawo).
Exemplo: Irete/Iwori, Ogbe/Ate.
Raramente em um isefá a pessoa recebe o assentamento de Èsù,
já no itefa é obrigatório o assentamento de ÈSÙ, em alinhamento com o odu do
iniciado.
Existem exceções, em um isefá quando aparece à indicação de
odus que falam de sacerdócio, tem sequencia o ritual e ifá é alimentado
novamente, quando é incluindo um opele para estudo, dando inicio a preparação
do futuro sacerdote, babalawo ou iyanifa.
O isefá pode orientar da necessidade de culto a orisás
específicos, mas a identificação precisa dos orisá Ori ou orisá ire acontece no
itefá.
O bori é indicado em alguns odus mesmo com a orientação do isefá,
mas o assentamento de Ori só pode ser feito depois do itefá, onde Ori, odu e Èsù
devem ser alinhados para que se cumpram as orientações de Orunmila.
Após o itefá pode ser indicado à iniciação do orisá Ori ou
orisa ire, muitas vezes acontece do orisa Ori ser o mesmo orisa ire.
Orisá ire: É um dos orisás que faz parte do odu da pessoa,
normalmente no encerramento do itefá, é consultado ifá sobre qual orisa esta
trazendo benefícios e indicações positivas para o iniciado.
Exemplo:
Odu Irete/Ogbe: esse odu fala de problemas para a concepção,
nesse odu fala muito Osun, Olósa e Olokun, esses podem ser os Orisás (ires),
aqueles que vão beneficiar a pessoa, isso não quer dizer que o orisa Ori seja
um deles, embora seja muito comum nesse caso orisa Ori Osun.
Orisa Ori:
Essa é uma designação comumente usada para
identificar o orisá da feitura, de um oloorisa ou um futuro babalorisa, é muito
comum que a pessoa receba inúmeros benefícios dos orisás ires, mas pode
acontecer que os aspectos positivos para a vida do iniciado, venha através do
orisa Ori.
Ori:
No itefá é comum após identificar o odu à preparação do Ile
Ori, não existe iniciação em Ori, existe sim etutu no iba previamente preparado
em alinhamento com o odu de nascimento.
Quem não passou por
itefá oferece etutu em uma vasilha simples em sua cabeça, mas não tem Ile Ori.
Exemplo: Ogbe meji, Ogbe irosun, iwori meji, Oturupon meji.
Aje:
Vejo muitas pessoas
falando sobre iniciação em Aje, existem varias formas de iniciar no culto desse
orisa, mas o ideal é após o itefa, Aje deve ser assentado com o odu de
nascimento em alinhamento com o Ori e o Èsù pessoal ou Alajé. A iniciação
correta proporciona resultados surpreendentes.
Exemplo: Ogbe meji, Ogbe/Obara, Ogbe/ ate.
Iya mi em algumas cerimonias de isefá ou itefá é comum
identificar a necessidade do iniciado em ifá, pactuar com Iya mi, o certo é que
a palavra iniciação não deve ser usado no culto de Iya mi, ninguém inicia em
Iya mi!
Exemplo: Osa meji, Ogbe/Osa.
Baba Oro, após o itefá algumas pessoas do sexo masculino
necessitam da iniciação no culto dessa divindade, o número de odus que indica
iniciação em Oro é bastante reduzido.
Exemplo: Ate pa iwori .
Baba Egungun:
Algumas pessoas necessitam ser iniciadas no culto de Egungun
após a cerimônia do isefá ou o Itefá é comum a iniciação nesse orisa.
Exemplo: odu Oturupon meji, Ika meji, Irete meji.
Algumas iniciações podem surgir de indicações durante
consulta a Orunmila com opele.
O babalawo assim como a iyanifa pode orientar os iniciados a
partir de uma consulta aos ikins do iniciado, mas também é muito comum que ele
consulte com os seus ikins, existem situações que dispensa iniciações e ebós.
Exemplo: odu Irete/Oyeku
Para algumas pessoas o entendimento desse texto pode ser
prejudicado principalmente quando abordamos os pactos com Iya mi mas existe a
necessidade de manter algumas coisas entre as linhas e a abordagem com
eufemismo se faz necessário.
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