segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A lei do retorno não existe, Orunmila?



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A visão que o Orisa machuca e mata, não é compartilhada por mim, eu acredito que o Orisa é como um pai que ama, que educa, mas que é incapaz de machucar.

 A chamada lei do retorno na tradição religiosa yoruba não existe quase tudo que acontece com você é fruto de uma escolha feita por você antes de nascer.

O destino de cada pessoa é definido antes do nascimento e somente uma pequena parte dele pode ser alterada, a parte que pode ser alterada quase sempre é modificada por ações que justificam uma grande alteração como o amor, ou o ódio que pode até gerar o que conhecemos como acidentes, que definimos como mudança não prevista por Orunmila.

Vou explicar para que não aja dúvidas, esse tipo de mudança não esta incluída no destino da pessoa e Orunmila é a testemunha do destino escolhido sendo assim essas alterações são em maioria responsabilidade dos ajoguns, em se tratando do aspecto negativo, vou citar um exemplo:

 Uma mulher que constantemente é agredida pelo marido e que nada faz para se afastar do mesmo pode sim ter escolhido isso antes de nascer, mas se isso não for à escolha dela e ela permanecer ao lado do individuo ela corre o risco de ser morta por ele mesmo que isso não seja parte da sua escolha permitindo a entrada do aspecto citado, o infortúnio, nesse caso gerado por um àjogún, mas sem a atuação direta de Orunmila e Iya mi, isso seria fruto de um asé negativo (força pessoal de realização negativa) ou de uma ação dirigida no caso do Abilu.


Existe também a chamada alteração positivo que pode sofrer uma grande variável, ela pode ser fruto dos Orisás, ou do sentimento de outra pessoa, isso definindo a força pessoal de outro individuo alterando o seu destino, ou até mesmo resultado do que nós conhecemos como asé, força pessoal (força pessoal de realização) que pode alterar o seu próprio destino por ação ou atração do bem.
Quando uma pessoa consulta Ifá e aparece um acidente na consulta isso faz parte do destino dela, em não sendo parte do destino, a afirmação na consulta será definida como um aspecto negativo que pode ou não se concretizar.

Na hierarquia universal o poder de decisão primeiramente vem Deus (Olodumare) depois do lado esquerdo logo a baixo vem Iya mi e do lado direito vem Orunmila, Orunmila define a ocorrência por conhecer o destino e Iya mi libera o Àjogún para efetuar o aspecto negativo, como já explicamos o positivo pode ser ocasionado de varias formas, nessa parte do texto vamos examinar o aspecto negativo.

Os Ajoguns mais conhecidos são:

 Iku (morte)

Arun (doença)

Ofo (perda)

Ejó (problemas).

Os ajoguns são subordinados a Iya mi que tem a função de confirmar as escolhas negativas escolhidas por nós em nosso destino. Os chamados infortúnios podem ser provocados ou não.
No caso dos acidentes isso acontece porque a pessoa estava no lugar errado com as pessoas erradas e na hora errada por escolha dela alterando o seu destino de forma negativa em razão de escolher, conviver, ou estar com as pessoas erradas ou no lugar errado, ou por insistência com o não atribuído a ela a conhecida não conformidade.

No caso dos infortúnios a definição pode ocorrer por Abilu (feitiço ou magia negativa) nesse caso a previsão é definida e identificada como forças negativas com possibilidade de concretização, que pode ser evitado pelo chamado sexto sentido que definimos aqui como asé (axé) alterando por intuição ou por uma ação implementada pelo Orisa constituindo assim um método de defesa pessoal.
Sendo assim Iya mi não é negativa, ela somente libera a sua escolha de antes do nascimento no momento indicado por Orunmila, já no aspecto positivo Iya mi pode atuar com o elemento amplificador de uma ação realizada por um Orisa trabalhando em parceria aumentando a força de realização diminuindo o tempo de concretização e aumentando a precisão da ação.

A chamada lei do retorno que identifica a vinda do mal ou do bem como retorno de ações cometidas por nós se torna nula na religião tradicional yoruba, o fato de ter escolhido antes do nascimento aspectos negativos para o meu destino me torna o único responsável, isso indica que a aceitação, a paciência e a tranquilidade contribuem para a verdadeira trajetória escolhida e a realização do escolhido. O importante é não confundir a afirmação anterior com o desanimo a preguiça e a falta de determinação que representam o aspecto inverso contribuindo para o infortúnio.

Vou citar um exemplo:

Você pode não ter escolhido morrer de doença, porem se você optar por ter uma alimentação impropria ou se você abusar do seu corpo você pode sim morrer de doença.
Isso estaria incluído naquela pequena arte do destino que pode ser alterado enfatizando aqui o aspecto negativo ou se for o caso o inverso.

Na verdade o bom senso a honestidade e a lealdade servem como alimento para o bem viver, mas raramente isso é uma escolha, quase sempre esses critérios dependem da interferência do local e das pessoas justificando a necessidade da máxima que a criação e os bons exemplos para uma criança que está formando a sua personalidade seja um quase total termo determinante.

O Orisa, a religião e a doutrina da bondade adotada como forma de vida pode não alterar o destino por você escolhido, mas serve para afastar o infortúnio você estando bem com você e com as outras pessoas vai conseguir ouvir com mais facilidade a sua voz interior, ou seja, a voz do orisa, isso vai afastar você do lugar errado e das pessoas erradas na hora certa.

Devemos aceitar com naturalidade que algumas pessoas se afastem de nós na realidade, a insistência em se manter com a pessoa errada pode atrair o infortúnio para sua vida, devemos agradecer aos orisás e ao nosso asé pessoal devido aqui como força do ori o afastamento de pessoas negativas para o nosso destino.

A frase que diz que tudo acontece quando tem que acontecer é uma meia verdade a lei do retorno não existe, mas a força de vontade pode alterar o seu destino.



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