Baba Egúngún
É com grande alegria que escrevo esse texto sobre os nossos
ancestrais, mesmo sabendo que vai haver um grupo que não vai ficar satisfeito
com esses esclarecimentos, não é a primeira vez que vou escrever sobre Egúngún,
na última vez cheguei até ser ameaçado de morte.
Estou tranquilo e a vontade para escrever, não vejo o porquê
que certa informação não possa ser dada ao grande número de pessoas que cultuam
òrìsàs em nosso país.
Quando falamos de Egúngún temos que definir primeiramente o
que é Baba Egúngún Ará Òrun e Baba Egúngún Ará Àiyé, o objetivo quando descrevo
esse diferencial é deixar bem claro que Baba Egúngún Ará Òrun é exatamente
igual a qualquer òrìsà, ele tem em sua origem de culto praticamente as mesmas
razões que nos leva a cultuar Òsùn, Obàtálá e outros òrìsàs.
- Baba Egúngún Ará Òrun, divindade que representa a ligação
entre os homens e os seus antepassados com um culto fundamentado na necessidade
de harmonizar os descendentes com os espíritos dos antepassados, divindade que
não incorpora em nenhuma pessoa, mas que é invocada em rituais que são feitos
para Baba Egúngún Ará Àiyé.
- Baba Egúngún Ará Àiyé, o nome explica a diferenciação, Ará
Àiyé corpo na terra, é o nome dado a pessoas ilustres que através dos seus atos
passaram a ser cultuados como antepassados ilustres que podem se manifestar em
seus descendentes. Para que as pessoas entendam com mais facilidade são esses
os Egúngúns que ganham roupa.
É importante que não se confunda espirito de pessoa recém
falecida ou que não tenham sido iniciadas no culto de Baba Egúngún com espíritos
de sacerdotes do culto de ifá e Egúngún que adquiriram com o passar do tempo
condições de serem invocados como Baba, existem várias exigências para que um
antepassado seja cultuado como Baba Egúngún no Ilé-Igbàlè, uma delas é ter tido
uma vida digna.
Não devemos confundir Igbàlè e Baba Egúngún com Ilé-ibo-akú
e Èsà, o termo Ilé-ibo-akú é comumente usado em nosso país para definir uma
casa coberta de folhas que é usada para rituais fúnebres nos ilé òrìsàs e o
termo Èsà é usado para definir os antepassados iniciados em òrìsàs.
No culto de Baba Egúngún o principal sacerdote é chamado de
Alapini, abaixo do Alapini vem o chefe de todos os Òjès o conhecido Òjè Àgbà ou
Alagba, imediatamente abaixo vem em sequência os Òjès e os omo isans, seguidos
dos que ainda não passaram pelos rituais chamados de Ógberis pessoas que foram
indicadas, mas que ainda não passaram pelas iniciações. Não devemos esquecer os
Oyè femininos no culto a Egúngún Ìyá Àgan (a única mulher que invoca Egúngún),
Iyagbà (líder das mulheres no Ilé Egúngún, semelhante a Iyalode no culto aos òrìsàs),
Iyálasè (encarregada das comidas para Egúngún), Ìyá Korin (mulheres que cantam
para Egúngún).
Agora o importante é não confundir Egúngún Ará Òrun, Egúngún
Ará Àiyé e Èsàs com Baba Orò, divindade ligada aos rituais fúnebres que tem seu
sacerdote especialmente escolhido pelo seu odu de nascimento, conhecido como
Aworo (aquele que tem acesso aos segredos da divindade Orò.
Esses pequenos esclarecimentos somados ao texto postado em
nosso blog como título “a verdade sobre Egúngún” tem como finalidade instruir
as pessoas menos avisadas para que não sejam vítimas do seu próprio
desconhecimento.
Consciente que não revelei segredos sigo em tranquilidade
dizendo:
Biri-biri bò won lójú ògbèri nko mo màriwò (A escuridão
cobre os olhos do não iniciado ele não pode conhecer os mistérios do màriwò).
Awo Òjè Tunde Alagba, Aworo
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