sábado, 15 de agosto de 2015

Orunmila e os falsos sacerdotes.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Na noite passada conversando com uma amiga da internet me ocorreu fazer uma pesquisa no código penal brasileiro, fiz a seguinte constatação:
Artigo 307 Código Penal.

Atribuir-se ou atribuir à terceira falsa identidade para obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena.

Detenção, de três (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

O crime de falsa identidade:

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Pune-se quem faz uso (e não somente tem a posse) de documentos falsificados, públicos ou privados, oriundos das práticas criminosas previstas nos artigos 297/302: a) falsificação de documento público (art. 297); b) falsificação de documento particular (art. 298); c) falsidade ideológica (art. 299); d) falso reconhecimento de firma ou letra (art. 300); e) certidão ou atestado ideologicamente falso (art. 301); f) falsidade de atestado médico (art. 302).

A pena em nosso país para essa safadeza com agravante pode chegar á 15 anos na cadeia, mas nada acontece com os falsos sacerdotes de nossa religião.

Já na Nigéria além de ser preso o sujeito pode ser surrado em publico como forma de exemplo para coibir novas tentativas, mesmo assim nos maiores aeroportos do território yoruba é comum acontecer à prisão de falsos sacerdotes que enganam turistas menos avisados.

Imaginem se isso acontecesse no Brasil, ás prisões estaria lotadas, tem muita gente com casa bonita, roupa bonita e uma ficha policial bem feia, se passando por sacerdote para tomar o dinheiro do povo.

No território brasileiro vendedor de obi vira bàbàláwo, vendedor de roupa africana vira bàbàláwo e até muçulmano vira bàbàláwo é só desembarcar no aeroporto e o sujeito se transforma no maior conhecer sobre orixá.

Acontece que aqui tanto os brasileiros como os nigerianos não são presos por mentir que são sacerdotes, o máximo que acontece é o sujeito ser chamado de mentiroso.

Eu atendo vitimas desses mentirosos todos os dias, tem um em São Paulo que deveria estar na cadeia sendo que o próprio Oluwo dele diz que ele não é bàbàláwo, mas nada acontece.

Tem outro em Uberlândia que até responde alguns processo, mas segue em liberdade, engando e roubando as pessoas.

No Brasil acontece de tudo, tem até venda de Iya odu pelo correio, você deposita alguns dólares no West Union e recebe uma vasilha cheia de folhas secas e um certificado dizendo que você é Oluwo.

Em nosso país se você se passar por sacerdote católico você vai preso na mesma hora, porém se você disser que é Bàbàláwo sem ser nada acontece, quem consegue entender isso?

Uma pessoa qualquer constrói uma casa bonita compra roupas yorubanas e posta na rede social que é Bàbàláwo, sem ser, e nada acontece, na Nigéria se a mesma situação acontece o sujeito fica anos na prisão.

Até entendo isso que acontece, no Brasil temos vários ex-presidentes, ex-governadores, ex-senadores comprovadamente ladrões em liberdade, entendo, mas, não aceito.

A minha indignação é a mesma indignação de milhares de pessoas que já foram enganadas em nome dos orixás.

Falsos, incompetentes, bandidos se passam por babalawos, oluwos, arabas e babalorixás todos os dias e ninguém faz nada, até quando isso vai continuar?

Até quando vão ser vendidos títulos falsos, certificados pela ganância e pela ambição.

No território Yoruba um Bàbàláwo estuda durante anos, dedica uma vida inteira a Ifá sem receber certificado, será que o nosso povo não entende que o papel aceita tudo.

Enquanto isso dinheiro vai certificado vem.







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