Orunmila e os falsos sacerdotes.
Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.
Na noite
passada conversando com uma amiga da internet me ocorreu fazer uma pesquisa no código
penal brasileiro, fiz a seguinte constatação:
Artigo 307
Código Penal.
Atribuir-se
ou atribuir à terceira falsa identidade para obter vantagem em proveito próprio
ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena.
Detenção, de
três (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave.
O crime de
falsa identidade:
Art. 304 -
Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os
arts. 297 a 302:
Pena - a
cominada à falsificação ou à alteração.
Pune-se quem
faz uso (e não somente tem a posse) de documentos falsificados, públicos ou
privados, oriundos das práticas criminosas previstas nos artigos 297/302: a)
falsificação de documento público (art. 297); b) falsificação de documento
particular (art. 298); c) falsidade ideológica (art. 299); d) falso
reconhecimento de firma ou letra (art. 300); e) certidão ou atestado
ideologicamente falso (art. 301); f) falsidade de atestado médico (art. 302).
A pena
em nosso país para essa
safadeza com agravante pode chegar á 15 anos na cadeia, mas nada acontece com
os falsos sacerdotes de nossa religião.
Já na
Nigéria além de ser preso o sujeito pode ser surrado em publico como forma de
exemplo para coibir novas tentativas, mesmo assim nos maiores aeroportos do
território yoruba é comum acontecer à prisão de falsos sacerdotes que enganam
turistas menos avisados.
Imaginem se
isso acontecesse no Brasil, ás prisões estaria lotadas, tem muita gente com
casa bonita, roupa bonita e uma ficha policial bem feia, se passando por
sacerdote para tomar o dinheiro do povo.
No território
brasileiro vendedor de obi vira bàbàláwo, vendedor de roupa africana vira bàbàláwo
e até muçulmano vira bàbàláwo é só desembarcar no aeroporto e o sujeito se
transforma no maior conhecer sobre orixá.
Acontece que
aqui tanto os brasileiros como os nigerianos não são presos por mentir que são
sacerdotes, o máximo que acontece é o sujeito ser chamado de mentiroso.
Eu atendo
vitimas desses mentirosos todos os dias, tem um em São Paulo que deveria estar
na cadeia sendo que o próprio Oluwo dele diz que ele não é bàbàláwo, mas nada
acontece.
Tem outro em
Uberlândia que até responde alguns processo, mas segue em liberdade, engando e
roubando as pessoas.
No Brasil
acontece de tudo, tem até venda de Iya odu pelo correio, você deposita alguns dólares
no West Union e recebe uma vasilha cheia de folhas secas e um certificado
dizendo que você é Oluwo.
Em nosso
país se você se passar por sacerdote católico você vai preso na mesma hora,
porém se você disser que é Bàbàláwo sem ser nada acontece, quem consegue
entender isso?
Uma pessoa
qualquer constrói uma casa bonita compra roupas yorubanas e posta na rede
social que é Bàbàláwo, sem ser, e nada acontece, na Nigéria se a mesma situação
acontece o sujeito fica anos na prisão.
Até entendo
isso que acontece, no Brasil temos vários ex-presidentes, ex-governadores, ex-senadores
comprovadamente ladrões em liberdade, entendo, mas, não aceito.
A minha
indignação é a mesma indignação de milhares de pessoas que já foram enganadas
em nome dos orixás.
Falsos, incompetentes,
bandidos se passam por babalawos, oluwos, arabas e babalorixás todos os dias e
ninguém faz nada, até quando isso vai continuar?
Até quando
vão ser vendidos títulos falsos, certificados pela ganância e pela ambição.
No território
Yoruba um Bàbàláwo estuda durante anos, dedica uma vida inteira a Ifá sem
receber certificado, será que o nosso povo não entende que o papel aceita tudo.
Enquanto
isso dinheiro vai certificado vem.
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