Obrigação de
ano para òrìsà.
Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.
Quando eu ouço falar em obrigação de um ano ou de sete anos
algumas associações me ocorrem, minha mente automaticamente por ser associativa
dispara inúmeros questionamentos:
Você se alimenta uma vez por ano?
Você coloca credito no seu celular uma vez por ano?
Você coloca gasolina no seu carro uma vez a cada sete anos?
É estranho pensar que algumas pessoas imaginam que o òrìsà
fica lá no assentamento a disposição delas e que eles respondem todos os dias
para proteger as pessoas como retribuição a uma suposta obrigação anual.
O individuo que raciocina assim é o mesmo que tem em sua
mente uma receita de bolo para ebó e para as iniciações e as chamadas obrigações
anuais, como pode alguém ser tão pretencioso que supõe mesmo até um ano antes
imaginar a data e aquilo que o òrìsà vai aceitar?
Será que esse povo pensa que o òrìsà esta ali a disposição
deles e que ele é um prestador de serviço?
É comum chegar pessoas minha casa para consultar dizendo que
na obrigação de um ano vai ser oferecido um determinado presente para o òrìsà,
é difícil para mim que vivo o òrìsà todo dia entender essa forma de pensar. Imaginem
você em uma relação afetiva buscar contato com a pessoa amada uma vez por ano,
imagine você beijar os seus filhos uma vez por ano, tente imaginar você recebendo
carinho somente uma vez por ano!
Se você precisar do atendimento médico e o plantonista do
hospital informar a você que só daqui um ano você vai ter direito ao
atendimento, como você vai se sentir?
Se a relação entre os homens ficar prejudicada em um contato
único anual imaginem com as divindades considerando o nível de exigência de
alguns indivíduos que querem resolver a vida sentimental, profissional e
espiritual em um único contato com o òrìsà.
A inocência ou a ignorância não desculparia tal raciocínio por
questão óbvia, se o òrìsà nos abastece da mesma forma que a água mata nossa
sede, como é possível imaginar uma relação tão fria e sem afeto.
Alguns iniciados rezam para os orixás todos os dias e fazem
seus pedidos diariamente, mas tem o habito de agradecer uma vez por ano.
O que será que esse povo imagina que é o òrìsà?
Algumas pessoas quando vão namorar no motel ou abusam um
pouco mais da bebida, ficam bem à vontade porque imaginam que o òrìsà está na
casa de asé, esquecem elas que o òrìsà tudo vê e tudo sabe.
Talvez essa forma de
pensar complemente o raciocínio acima descrito, pois se o òrìsà esta a minha
disposição ele vai aceitar ficar esperando que o efeito da bebida passe ou que
eu saia do motel para que ele se aproxime.
Se o òrìsà é na mente
desse pessoal somente um servidor que vai responder quando eles chamarem, então
ele vai aceitar aquilo que eles oferecerem e quando eles quiserem, pensam os idiotas!
Esse tipo de òrìsà imaginado por esses desavisados, totalmente
sem vida e sem vontade, quando invocado nas comumente descritas obrigações de
ano, respondera da mesma forma que foi tratado durante o ano.
Será que alguém acredita que ser iniciado para òrìsà é isso?
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