domingo, 20 de março de 2016

O conhecimento em ifá.


Autor:  Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola
Quando perguntei para o meu Oluwo como identificar um Bàbàláwo que já esta em ponto para se tornar um Oluwo ele me disse, naquele português enrolado que é característico dele, um Bàbàláwo conquista o seu espaço dentro da família quando participa de rituais e se mostra familiarizado com tais atividades.

A mesma pergunta eu fiz para o Araba quando perguntei como ele foi escolhido para ser o Araba da cidade de Lagos, ele me respondeu proeminência.

Uma pessoa proeminente aparece não porque quer, ela aparece porque o seu conhecimento se impõe e o reconhecimento acontece naturalmente.

No caso do Araba ele foi sabatinado durante três dias antes de ocupar a função máxima do Ifá na cidade de Lagos, algumas pessoas conhecem esse ritual por iko ate, que vamos traduzir aqui para facilitar como uma sabatina feita por seus colegas.

Na família Agboola, não existe esse ritual, na Nigéria, nenhuma pessoa tem coragem de dizer que é um Bàbàláwo, sem antes ser reconhecido por sua família, apto e digno a essa função dispensando qualquer teste.

Chama a atenção que com exceção do meu Araba, nunca conheci alguém que tenha passado por esse ritual.
Ouço muito falar, mas nunca vi na rede social uma única foto de um brasileiro que tenha sido submetido a esse ritual, um líder representa seus liderados, não existe líder sem seguidores.
Normalmente esse ritual é usado na hipótese como citei da escolha de um líder que vai representar varias famílias.

Observação: O chamado iko ate se torna necessário quando a pessoa vai representar outras famílias em um grande território porque nem sempre o seu conhecimento é testemunhado por pessoas que não fazem parte do seu dia a dia. Seria uma forma de provar para quem não conhece a pessoa a sua capacidade.

Quanto ás iniciações, é certo que em nossa família, um pré-iniciado, no ritual de isefa recebe um mínimo de dezoito ikins, e em um itefa o Oluwo escolhe o numero de ikins de acordo com a necessidade e a orientação de Ifá.

Também é verdade que um isefa pode ou não ter sacrifícios, pode ou não ter um assentamento de Èṣù, o importante é que prevalece a orientação de ifá nos rituais.

Existem inúmeras variáveis que jamais vai permitir que um sacerdote pense ser dono da verdade por mais que ele conheça sobre Ifá.

Tenho certeza que vão aparecer pessoas para me criticar sobre esse texto, isso não me preocupa.
A minha contribuição esta sendo dada.

As pessoas que não concordarem devem escrever um texto que conteste o escrito por mim, não sou o dono da verdade.

Estou preparado para responder as perguntas não porque sou o pretensioso, estou preparado para responder por que estou na religião a cinquenta e quatro anos e dediquei a minha vida a religião dos òrìsàs, além disso, sigo os princípios de minha família em território yoruba.





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